Como administrar a compulsão
Anete de L. Blefari - Psicóloga
É preferível encarar seus problemas “de frente”, sem bloqueá-los da sua consciência.
Compulsão (dicionário Webster): impulso irresistível de realizar um ato irracional, execução esta que tende a perturbar um neurótico, mas não um psicótico.
Compulsivo: (dicionário Webster): conduzido à força, poder ou necessidade.
Do latim: Com (junto) + Pellere (impelir, empurrar)
A compulsão é a necessidade de fazer algo mesmo que pareça desnecessário ou prejudicial.
Costumamos associar as seguintes crenças às compulsões: “Tenho de fazê-lo porque não confio em mim”. “Se não fizer, não existo.” A compulsão nos faz sentir vulneráveis, fracos. Ela nos faz repetir um comportamento indesejado, contra a nossa vontade. Mesmo que, conscientemente, já decidimos mudar, ou não praticar mais aquele ato, a compulsão nos impele a repeti-lo. É uma escravidão! Isto nos causa a impressão de que somos controlados pelos alimentos, drogas, fumo, álcool, jogo, sexo, chocolate, etc... É a ambivalência: queremos e não queremos mudar! Duas forças antagônicas dentro de nós. Que sofrimento! Ao mesmo tempo que queremos parar de fazer algo, o fazemos. Esse antagonismo abala nossa auto-estima. Dessa ambivalência advém os sentimentos de vergonha, raiva, preconceito, ignorância, etc... Sentimentos esses que só atrapalham e são responsáveis pela continuidade da compulsão.
A compulsão é um mecanismo de defesa do organismo. Quando estamos estressados e não nos conscientizamos desses sentimentos/emoções estressantes, costumamos buscar a liberação da pressão interna. Buscamos o alívio através de comportamentos/hábitos compulsivos. A compulsão acaba sendo a válvula de escape para o estresse interno. Por isso, a importância em prestar atenção em nossos sentimentos, emoções, cansaço, etc... para que esse mecanismo da compulsão não nos leve a fazer algo que não queremos, que já decidimos não fazer mais. Se comemos ou usamos drogas para aliviar algum tipo de estresse ou emoção (tédio, aborrecimento, ansiedade, cansaço, solidão, medo, angústia, covardia, alegria, etc..), tendemos a utilizá-los como prêmios. Resulta desse comportamento, uma gratificação, um alívio, que fica registrado em memória celular no cérebro. Toda vez que nos sentirmos estressados, nosso próprio organismo nos lembrará do alívio, da “solução”.
Como mudar um comportamento?
Quando acreditamos que podemos mudar, que temos o controle e os recursos necessários para tanto. Para isso, é fundamental, primeiro, identificar que tipo de situação dispara o comer, o beber, o fumar, ou o usar drogas compulsivamente. Se queremos mudar determinado comportamento/hábito, se queremos reprogramá-lo, é porque estamos insatisfeitos com ele.
Como reprogramar um novo hábito?
- Assuma a responsabilidade por seus atos. Em momento algum abra mão de seu livre-arbítrio. O controle está em suas mãos.
- Admita que você é o responsável por seus atos, para ter uma posição forte, de poder.
- Dispense justificativas e desculpas que o impedem de alcançar a mudança tão desejada. Justificativas mais comuns como: “Não consigo parar de usar drogas, porque...” . Livre-se delas!
- Comece a sentir o que você vem tentando evitar há tantos anos. Lembre-se de que não é possível sentir-se bem o tempo todo. Suas emoções negativas têm um propósito de existir. Elas o impulsionam a mudar. O risco é negar as emoções e usar o alimento ou a droga como alívio. Isso cria um círculo vicioso indesejável: a compulsão torna-se uma rotina.
- Faça uma pausa e reflita: Suas crenças têm efeito direto sobre sua saúde? Avalie se alguma crença está intensificando algum conflito interno.
- Aprenda a ouvir seu corpo. Conecte-se com o seu corpo: fique atento as suas sensações físicas (fome, sede, dor, relaxamento, vontades, necessidades,etc...)
- Para que você aprenda a se controlar, é preciso se conhecer. Busque o autoconhecimento. Busque ajuda especializada. Busque grupos de auto-ajuda.
Acredite que é possível e AJA!
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